A política de incentivo à entrada de
pequenas e médias empresas no mercado de capitais, que será anunciada na
segunda-feira (16) pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), na sede da BM&FBovespa,
é mais uma tentativa do governo de destravar o investimento produtivo, afetado
pelo crédito caro e ralo, e de se aproximar de pequenos e médios empresários. O
setor é um dos mais insatisfeitos com as políticas econômicas do governo Dilma.
Das queixas mais comuns estão o custo e dificuldade de tomar dinheiro
emprestado dos bancos públicos, que priorizam grandes empresas.
Mantega não tem
escondido sua preocupação com a falta de crédito para investimento e consumo,
apontado como um dos fatores do crescimento econômico amarrado do primeiro
trimestre. Ele tem reforçado constantemente o papel da bolsa de valores como
uma alternativa importante de financiamento. A principal das medidas a ser
anunciada é a isenção de Imposto de Renda para o investidor que comprar ações
de pequenas e médias empresas em suas emissões primárias.
Dessa forma, o
governo também pretende dar um estímulo à bolsa. O acesso de companhias menores
é apontado como um dos principais desafios do mercado de capitais brasileiro.
MEDIDAS Outra medida para driblar a seca de crédito foi a redução do IOF das
captações de empresas brasileiras no exterior, na semana passada. A desoneração
também visa o controle da inflação, que ronda o teto da meta do governo há anos
e, apesar de ter arredado em maio e junho, tem sido uma das maiores dores de
cabeça do governo petista em período pré-eleitoral.
O atual cenário de crédito
difícil sucede um período de capitalização dos bancos públicos e de uma agenda
vasta de desonerações, iniciada em 2009. BNDES A política do BNDES de
direcionar recursos subsidiados pelo Tesouro aos chamados “campeões nacionais”,
como o setor de carnes, gerou insatisfação entre as pequenas e médias, que
reclamaram de concentração de crédito às grandes empresas. Pelos cálculos do
economista Felipe Salto, da consultoria Tendências, mais de 80% dos R$ 410,8
bilhões desembolsados pelo BNDES de 2008 até hoje foram destinados a grandes
empresas, que não transformaram esses recursos em incremento nos bens de
capital (bens que servem para produzir outros bens, como máquinas). Na visão do
economista, com os subsídios ao BNDES minguados e o ambiente de negócios
negativo, a medida de estimular a entrada à Bolsa é correta, mas talvez não
haja espaço fiscal para mais essa desoneração.
Fonte: Folha de S.Paulo
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