As
pequenas e médias empresas que decidirem abrir capital na Bolsa de Valores devem
conseguir abater no Imposto de Renda, em quatro ou cinco parcelas, os gastos
para esse processo. Essa é uma das propostas mais avançadas dentro do governo
para estimular a entrada na Bolsa de companhias de menor porte, que resistem em
considerar o mercado de capitais como alternativa para levantar recursos e
crescer. Dentre os entraves verificados para afastar essas empresas da Bolsa
está o alto custo desse processo, que varia de R$ 600 mil a R$ 1 milhão, e a
exigência de regras rígidas de governança. As negociações avançam bem nos
ministérios do Desenvolvimento e da Fazenda, segundo o diretor presidente do
Movimento Brasil Competitivo, Erik Camarano. O empresário acredita que até o fim
do ano a medida já estará em vigor. O governo, porém, não colocou prazos. O
secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Henrique, considera o
trabalho "complexo" e "de longo prazo", pela necessidade de as empresas se
organizarem internamente para atender às regras de informação e transparência da
Bolsa. Há ainda um outro problema verificado com os próprios empreendedores: a
dificuldade de aceitar que não serão mais donos de 100% do negócio: ao comprar
uma ação, o acionista compra uma fração da empresa e, assim, torna-se sócio
dela. "É uma questão cultural, que precisa ser trabalhada realmente a longo
prazo", diz o diretor do MBC. Dados da BM&FBovespa mostram que, desde 2004,
apenas duas empresas entraram na Bolsa para captar menos que R$ 100 milhões.
Outras três companhias buscaram captar de R$ 100 milhões a R$ 200 milhões. Um
grupo de trabalho que reúne Bovespa, Banco do Brasil e BNDES, entre outros, está
em fase conclusão de estratégias para facilitar a entrada das pequenas e médias
empresas à Bolsa. Julia Borba de Brasília
Fonte: Folha de S. Paulo
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