A
possível redução nas alíquotas do Imposto de Importação (II), avaliada pelo
governo federal, deverá afetar de forma significativa as siderúrgicas
brasileiras. O setor vem registrando resultados negativos neste ano e o aumento
dos desembarques poderá piorar o cenário. Em outubro do ano passado, o governo
federal anunciou o aumento das alíquotas em até 25% para uma lista de 100
produtos. A medida visava proteger a indústria nacional da onda de importação,
principalmente de origem chinesa.
Porém, com a desvalorização do real frente ao
dólar e a necessidade de conter a pressão inflacionária, o governo avalia a
possibilidade de cortar o imposto, conforme anunciado na sexta-feira pelo
ministro da Fazenda, Guido Mantega. Na análise de especialistas consultados pela
reportagem, no caso específico das siderúrgicas, somente o fator câmbio não
deverá ser suficiente para conter as importações de aço.
Há uma sobreoferta de
produtos siderúrgicos no mercado global, o que aumenta os riscos de entrada
deste produto no país. Dificuldade – O analista da Tendências Consultoria Bruno
Resende lembra que as usinas brasileiras, mesmo com as barreiras, enfrentam
dificuldade em competir com as siderúrgicas chinesas. “Ainda não se sabe o qual
será o patamar do corte, mas será um problema de qualquer maneira”, afirma.
Segundo o especialista, os cortes poderiam ser feitos com uma maior
tranqüilidade caso o dólar estivesse em um patamar de aproximadamente R$ 2,40.
Na opinião do analista, as constantes mudanças de procedimentos adotadas no país
é mais danosa para a economia que o corte da tarifa. “Pior que cortar a tarifa é
a instabilidade das regras, o que é mais danoso para a economia”, opina. Já o
analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, afirma que caso o governo leve
adiante a redução no imposto, a medida deverá resultar em desemprego no setor
siderúrgico e na indústria petroquímica, que também é beneficiada pela barreira
às importações. Os rumores, conforme Galdi, não foram bem recebidos pelo
mercado.
As ações preferenciais da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A
(Usiminas), por exemplo, caíram 8,8% no pregão dessa sexta-feira. Portos – Além
do aumento do imposto, o fim da chamada “Guerra dos Portos” vem contendo a
entrada de aço importado no país. Entre janeiro e maio os desembarques caíram
10,8% na comparação com o mesmo intervalo de 2012, passando de 1,612 milhão de
toneladas para 1,439 milhão de toneladas, conforme dados do Instituto Aço Brasil
(IABr).
O presidente do Conselho de Política Econômica Industrial da Federação
das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes,
explica que os efeitos do corte na indústria irão variar para cada segmento. Em
alguns casos, segundo ele, mesmo que o produto importado entre mais barato no
país, a valorização do dólar nos últimos meses já compensou a alíquota. RAFAEL
TOMAZ
Fonte: Diário do Comércio
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